quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

O QUE EXISTE POR TRÁS DA DOR CERVICAL




A queixa de dor cervical tem ficado atrás apenas da dor lombar e cefaleias. E por este motivo vem tornando-se um tema muito discutido dentro dos estúdios de Pilates.

O mecanismo de dor na coluna cervical pode ser classificado de inúmeras maneiras, mas podemos de uma forma bem simples classificar como traumática (queda, golpes na cabeça ou lesão em chicote) ou funcionais (lesões por esforço repetitivo, desequilíbrio muscular, hérnia discal, postura inadequada). Claramente notamos que as cervicalgias originadas pela postura inadequada são as mais relatadas, elas estão associadas à atividades que exigem esforços estáticos de baixa carga na coluna cervical e nas escápulas.

Essa dor é comum principalmente em indivíduos que trabalham com computadores ou trabalhos manuais (motricidade fina). O Método Pilates pode contribuir na melhora das dores cervicais, principalmente, por restabelecer um equilíbrio muscular, através da melhora da postura, do controle motor e consequentemente aperfeiçoando a consciência corporal.

Porém, é necessário antes de propor qualquer tratamento, uma rigorosa avaliação para compreendermos a origem da dor. Pois são inúmeros os desequilíbrios que podem gerar dor, o importante é que o fisioterapeuta tenha o entendimento de que se a cervical está doendo, provavelmente outras estruturas como ATM, escápulas, ombros, costelas, e até mesmo o sistema nervoso central ou periférico podem também estar comprometidos. Por isso, torna-se importante identificar se existe uma alteração postural no indivíduo, ou até mesmo, um movimento executado erroneamente, que possa contribuir para a dor.

Desta forma, o sucesso para a reabilitação de dor cervical depende tanto do fisioterapeuta fazendo uma excelente avaliação e propondo os exercícios adequados, como do próprio paciente, deixando os hábitos posturais inadequados para trás! A seguir descrevo como geralmente é a postura de um indivíduo que tem cervicalgias e quais as consequências disso: 1) comumente apresenta a cabeça projetada para frente (anteriorizada), 2) ombros arredondados para frente e 3) escápulas protraídas.

Quanto mais para frente a cabeça estiver (anteriorizada), mais a gravidade exercerá sobrecarga na cervical, favorecendo ao “alongamento” dos posteriores da cervical e um “aumento de tensão” na musculatura anterior da cervical. Esta postura acarreta em um desequilíbrio muscular, onde ambas musculaturas estão fracas. Assim os músculos que deveriam estabilizar, e não estão, acabam sobrecarregando outras estruturas, levando ao aparecimento da dor cervical postural.

Pensando nisso, algumas dicas que devem ser usadas durante uma sessão de Pilates: A cabeça deve seguir o alinhamento de toda coluna, isto pode parecer muito óbvio, mas veja se isso já aconteceu com você durante as aulas: seu paciente está fazendo uma linda Mermaid (flexão lateral da coluna), toda a coluna esta fazendo a flexão lateral, mas ao chegar na cabeça ela não acompanha o movimento. Isso faz com que determinadas estruturas recebam mais sobrecarga do que outras.

Outra dica é lembrar que o olhar guia o movimento. Até mesmo em exercícios onde a coluna fica estabilizada! Por exemplo, quando estiver deitado no chão fazendo leg circles, ou no Reformer fazendo footwork, seu olhar deve ser para o teto e não em direção aos seus pés! Notamos que as vezes a cabeça não participa do movimento, pois não existe esta consciência, ou as vezes até por uma tentativa de proteger a cervical.

O importante é que o movimento seja feito da forma mais correta, para que não gere dor ou desconforto.