sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Cirurgia Plástica

Na cirurgia plástica o papel do fisioterapeuta inicia-se logo pela intervenção no pré-operatório com o objetivo de promover uma recuperação mais rápida e funcional.
Como qualquer intervenção cirúrgica, a cirurgia plástica está associada a sequelas próprias da intervenção e por vezes a complicações. A atuação do fisioterapeuta na fase pós-operatória é por isso fundamental a fim de minimizar estas situações.
São inúmeras as intervenções que existem na área de cirurgia plástica, sendo uma área em constante alteração e evolução.

Dentre as cirurgias faciais as mais incidentes são:
  • Ritidoplastia ou lifting facial – correção de rugas e flacidez tecidual;
  • Rinoplastia – correção de alterações morfológicas do nariz;
  • Mentoplastia – correção de proeminências mentonianas;
  • Blefaroplastia -  correção das pálpebras através da excisão de pele e do tecido adiposo periorbitário excedentes que estão na base da ptose palpebral.

As cirurgias corporais são realizadas com mais frequência que as faciais, podem incluir:
  • Cirurgias mamárias (mamoplastia aumento/redução e mastopexia) – correção do volume mamário e/ou da ptose mamária;
  • Abdominoplastias – correção de flacidez abdominal decorrente de grandes perdas de volume como emagrecimento ou pós-gravidez;
  • Lipoaspiração – redução de hiperlipodistrofias através da sucção da gordura por cânulas por via de pequenas incisões na pele;
  • Lipoenxertia – Infiltração de gordura para preencher uma área hipotrófica (exp: região do médio glúteo) ou em áreas de cicatrizes profundas;
  • Braqueoplastia – correção de flacidez braquial;
  • Gluteoplastia redução/aumento – correção de flacidez ou de hipotrofia.

Intervenção Pré-cirúrgica
Numa fase pré-operatória os principais objetivos de intervenção do fisioterapeuta são:
  • Preparação da musculatura – Decorrente da imobilização pós-cirúrgica o sistema muscular tem tendência a sofrer atrofia, diminuição da força e funcionalidade. De tal modo, é fundamental preparar na fase pré operatório os músculos para minimizar a perda de funcionalidade decorrente do pós-cirúrgico. Procedimentos como estimulação elétrica neuromuscular e exercícios ativos são os recursos mais eficazes.
  • Preparação da pele – Procedimentos esfoliantes (peelings químicos ou microdermoabrasão por exemplo) e massoterapia com princípios ativos hidratantes e estimuladores da proliferação fibroblástica conferem à pele melhor trofismo e resistência, de modo a que possa suportar as tensões impostas pela cirurgia, prevenindo complicações como sofrimento tecidual e necrose.
  • Preparação do sistema respiratório – o bombeamento da linfa proveniente dos membros inferiores, sistema digestivo e tronco anterior e posterior profundo está dependente de uma contração diafragmática eficaz. Sendo de tal modo importante no pré-operatório ensinar o paciente a respiração diafragmática e a tossir, sem comprometer a cicatrização, no caso abdominoplastia e mamoplastia.
  • Orientação do paciente para os procedimentos e consequências inerentes à cirurgia.
  • Correção postural – Atendendo que a postura está diretamente associada à estética, recursos como RPG, SGA ou Meziére permitem uma intervenção mais global, com base no princípio das cadeias musculares, corrigindo alterações posturais já existentes no pré-operatório e minimizando o comprometimento das cadeias no pós-operatório. Os alongamentos permitem ainda uma exploração da amplitude de movimento articular. A integridade articular contribui para um bom funcionamento do sistema linfático.

Intervenção Pós-cirúrgica
Numa fase pós-operatória como qualquer intervenção cirúrgica, a cirurgia plástica acarreta sequelas expectáveis como dor, hematoma, edema, diminuição da força muscular e da propriocepção e alterações transitórias da sensibilidade. Para além das sequelas, e dependendo da cirurgia podem ocorrer complicações, que deverão ser evitadas ou minimizadas sempre que possível com recursos ao alcance do fisioterapeuta. As complicações mais comuns são:
  • Deiscência da ferida – há uma rutura da ferida com afastamento dos bordos. Complicação mais comum em abdominoplastias, uma vez que a sutura está sobre muita tensão;
  • Formação de cicatrizes hipertróficas e quelóides;
  • Seroma – coleção liquida, proveniente de extravasamento de plasma ou linfa, que se pode acumular por baixo da pele;
  • Sofrimento tecidual;
  • Necrose – caracteriza-se pela morte celular do tecido envolvido, sendo por isso a complicação mais temida. Pode decorrer de hematomas mal drenados, de tensões e compressões excessivas;
  • Aderências;
  • Cápsulas fibrosas – formação de contraturas capsulares em torno da prótese;
  • Lesões nervosas;
  • Hiperpigmentação pós-inflamatória;
  • Infeção – carateriza-se pela presença de bactérias no local, que prolonga a fase inflamatória;
  • Tromboembolismo
Atendendo às sequelas e complicações decorrentes da cirurgia plástica, os objetivos de tratamento passam genericamente por prevenir e minimizar a incidência das mesmas.

Recursos terapêuticos no pós-operatório
  • TENS e crioterapia para aliviar a dor e controlar a resposta inflamatória pós-cirúrgica são indicados .
  • As microcorrentes têm um papel interessante na ativação celular, captação de glicosaminoglicanos e hemoglobina para o local (ver mais).
  • ultra-som terapêutico é um recurso amplamente utilizado numa fase aguda para acelerar a regeneração celular e numa tardia para diminuição de fibroses (ver mais).
  • vacuoterapia/depressoterapia com baixas intensidades tem demonstrado efeitos significativos na prevenção de aderências e na reabsorção de edema (ver mais). A sua utilização é de grande relevância em fibroses já instaladas.
  • Estimulação elétrica neuromuscular
  • Laser com efeitos significativos na fase de remodelação, parecendo existir correlação positiva entre o laser e a orientação das fibras de colágeno.
  • drenagem linfática manual é uns dos recursos mais utilizados e mais precocemente, pois ao contribuir para a regressão do edema e bom funcionamento do sistema linfático, permite um aumento do contacto da pele com as áreas subcutâneas e diminuição da tensão exercida sobre a cicatriz. Para além de controlar o edema, a DLM auxilia no processo de reparação, graças ao fibrinogênio linfático.
  • Compressão por curativos, enfaixamento e modeladores. A compressão previne hipertrofia da cicatriz. Em cirurgias que envolvem grande deslocamento de pele, diminui formação de coleções e mantem os retalhos em intimo contato com os leitos subdérmicos, contribuindo para uma cicatrização mais eficaz.
  • Massagem clássica – funciona como um excelente estimulo circulatório e diminui a incidência de aderências e fibroses capsulares. Na fase aguda de reparo as manobras de deslizamento próximas do local de abordagem cirúrgica deverão ser evitadas. Numa fase inicial as manobras devem-se evitar manobras que possam exercer forças transversais à incisão.
  • A orientação do paciente para atividade física moderada numa fase precoce é fundamental, pois aumentará o metabolismo, a oxigenação dos tecidos e combate os efeitos da imobilização sobre os sistemas respiratório e muscular. Na fase de remodelamento os alongamentos e os exercícios resistidos, que não submetem a cicatriz a tensão são de grande utilidade no fornecimento de linhas de orientação ao tecido neoformado.

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