Uma das principais causas de dor em corredores é a fascite plantar, que se caracteriza por dor na região medial da planta do pé e no calcâneo. Esta dor é pior no início do dia (devido ao encurtamento da fáscia durante a noite), ou após longos períodos de caminhada ou corrida. A fascite, apesar de comum em corredores, pode se manifestar em qualquer um, sendo mais corriqueiro em mulheres a partir dos 40 anos.
Ocorre um processo inflamatório na fáscia plantar (tecido conectivo espesso que ajuda a formar o arco longitudinal medial do pé), devido à sobrecarga contínua sobre ela, deixando-a tensionada. Esta sobrecarga é multifatorial e pode estar relacionada a aumento de peso, uso de salto alto, fraqueza da musculatura intrínseca do pé e a pés planos, cavos ou pronados.
Para que o pé receba e absorva bem o impacto durante a caminhada ou corrida, a musculatura do pé deve estar ativada e ser capaz de manter o arco longitudinal medial. Pessoas que tem este arco “desabado” ou que pisam diretamente com a parte de dentro do pé (pisada pronada) têm dificuldade em distribuir e absorver o impacto, e a fáscia é estirada.
Atualmente, muitas lojas de calçados esportivos realizam uma avaliação do tipo de pisada, e então oferecem o tênis mais adequado ao seu pé. Já vi muitas destas avaliações, e posso dizer que a maioria é inadequada. Mesmo considerando que a avaliação seja correta, utilizar um tênis com maior amortecimento em determinada área do pé, com uma palmilha que aumente o arco em determinada região, pode sim diminuir a dor durante acorrida, e seu uso é recomendado para um atleta que queira uma analgesia imediata para disputar uma maratona, por exemplo.
Entretanto, esta medida é unicamente paliativa, não tratando efetivamente a causa do problema. Um tratamento ideal de fascite deve incluir liberação miofascial da fáscia plantar, além da análise adequada da marcha e corrida e correção do padrão da pisada, fortalecimento da musculatura intrínseca do pé; pois somente assim o corredor terá uma boa absorção do impacto e poderá correr sem dor independente do calçado que use.
Tanto o fortalecimento como a correção da pisada podem ser realizados com o Pilates. Uma boa forma de trabalhar estes fatores é utilizando superfícies instáveis, como o bosu e o disco proprioceptivo, e realizando exercícios de apoio unipodálico, durante os quais o instrutor deve corrigir o posicionamento de todo o membro inferior.
Existe também o tratamento cirúrgico, no qual são realizados pequenos cortes na fáscia plantar (fasciotomia), diminuindo a tensão na mesma; porém este tratamento deve ser utilizado em última instância, já que é muito agressivo e o tratamento fisioterapêutico costuma ter ótimos resultados.
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