segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Descubra os benefícios da Eletroacupuntura!



A Eletroacupuntura (EA) é uma técnica de Acupuntura recente, utilizada visando potencializar o efeito da Acupuntura para uma variedade de condições, especialmente na aplicação de analgesia por acupuntura.

Na eletroacupuntura, há uma passagem de uma corrente de pulso através dos tecidos do corpo por meio de agulhas de acupuntura, com fins de potencializar efeitos terapêuticos ou analgésicos.

Qual a diferença entre Eletroacupuntura e a Acupuntura Clássica (Tradicional)?
Os pontos de Eletroacupuntura são semelhantes aos utilizados na Acupuntura Clássica. A Eletroacupuntura parece produzir benefícios que duram mais que o efeito analgésico temporário.

O alívio da dor após terapia com Eletroacupuntura pode reduzir o espasmo muscular, e permitir o movimento ativo, melhorando a circulação periférica local e estimulando o processo de cura. Qualquer paciente que não tenha respondido à terapia com Acupuntura Clássica pode ser considerado para um experimento com Eletroacupuntura.

As agulhas de Acupuntura estimulam as fibras nervosas A delta no músculo. Mais precisamente, estimulam os mecanorreceptores musculares, e podem ser mais eficazes se eletricamente estimuladas, visando produzir microcontrações musculares locais. Estas fibras A delta acabam estimulando a liberação de peptídeos opióides, que tem ação analgésica importante.

Mecanismos de ação da Eletroacupuntura
A eletroacupuntura ativa as fibras nervosas simpáticas para aumentar o opioide endógeno no sítio inflamatório. A ativação da fibra nervosa simpática aumenta a expressão da molécula de adesão intracelular-1 nos vasos sanguíneos do tecido inflamado para promover a migração de leucócitos polimorfonucleares contendo β-endorfina e metencefalina e células mononucleares em ratos com inflamação.

A eletroacupuntura também aumenta os receptores canabinóides CB2 endógenos (CB2R) para regular positivamente os opióides no tecido da pele inflamada.

Estas evidências demonstram que os opioides periféricos desempenham um papel central na inibição da dor inflamatória pela eletroacupuntura, por bloquear a liberação de citocinas pró-inflamatórias de leucócitos polimorfonucleares e células mononucleares e agindo em receptores opioides periféricos para dessensibilizar os nervos sensoriais periféricos

Contra-indicações para Eletroacupuntura
As contra-indicações para a realização de Eletroacupuntura são pouquíssimas, podendo-se incluir:

Pacientes que não desejam se submeter a esta técnica
Infecções locais, e outras contra-indicações locais (por exemplo, a EA não deveria cruzar o tórax pelo risco téorico de causar interferência nos tecidos condutores cardíacos, o que foi posteriormente descartado por estudos científicos).

A Eletroacupuntura dói?

Pacientes que recebem a Eletroacupuntura podem sentir uma sensação mínima de formigamento durante o tratamento, devido a corrente elétrica.

Se a sensação for incômoda, avise seu médico Acupunturista para que se diminua a intensidade do estímulo. Assim como na Acupuntura Clássica, podem ocorrer pequenos hematomas ou petéquias locais após a aplicação das agulhas. Na literatura médica, não se relatam efeitos colaterais graves.

Resultados do tratamento com Eletroacupuntura em dor crônica
Em 1983, Loy et al. comparou a Eletroacupuntura com a fisioterapia, em um experimento com 60 pacientes com espondilose cervical. Todos os pacientes do grupo de EA obtiveram algum tipo de alívio de dor, sendo que 6 deles tiveram alívio completo. De modo geral, a melhora no grupo de Eletroacupuntura foi de 87%, comparado à uma melhora de 54% no grupo de Fisioterapia.

Um estudo de Lee et al., avaliou a Acupuntura por estimulação elétrica e uma injeção antiespasmódica não opióide em pacientes com cólica renal. O alívio de dor foi semelhante em ambos os tratamentos, mas o grupo tratado pela Acupuntura teve uma melhora significativamente mais rápida.

Já um outro estudo de Deluze et al, avaliou 70 pacientes com fibromialgia. O tratamento ativo consistia em 4 a 10 agulhas estimulados um pouco abaixo do limiar da dor, o suficiente para produzir contrações musculares visíveis. Os pacientes e os assessores não tinham conhecimento do tratamento (eram cegos quanto ao experimento). A história clínica avaliou regiões sensíveis ao toque, o uso de analgésicos, o nível da dor, e qualidade do sono, bem como valores de melhora globais (do paciente e do médico). O grupo com tratamento ativo com Eletroacupuntura mostrou melhora significativa em sete dos oito parâmetros estudados, que eram significativamente melhores que o grupo-controle em cinco medidas. Cerca de um quarto do grupo tratado mostrou quase completa redução dos sintomas.

Estudos mais recentes sugerem que a combinação de Acupuntura ou Eletroacupuntura com doses menores de medicamentos analgésicos usados para dor crônica (como antidepressivos e anticonvulsivantes), podem providenciar um melhor controle da dor, diminuindo assim o risco de efeitos colaterais destes medicamentos, que muitas vezes são bastante debilitantes.

Resultados do tratamento com Eletroacupuntura em condições não dolorosas
Dundee & McMillan conduziram em 1991 um pequeno experimento clínico controlado com Eletroacupuntura para avaliar o resultado deste tratamento para a náusea em pacientes com câncer recebendo quimioterapia. O tratamento ativo consistia em 5 minutos de EA a 10 Hz, aplicado no ponto de Acupuntura PC 6. Noventa e sete porcento dos pacientes apresentaram alívio completo da náusea, sem qualquer efeito colateral.

Luo, Jia & Zhan, na China, realizaram um estudo com 27 pacientes com depressão crônica, que comparou a Eletroacupuntura ao antidepressivo amitriptilina. Os pacientes receberam EA com agulhas subcutâneas, por uma hora, diariamente. O efeito sobre a depressão foi classificado segundo a Escala de Depressão de Hamilton, e os resultados da EA foram semelhantes ao grupo que recebeu a terapia padronizada com amitriptilina. No entanto, os pacientes que receberam a EA apresentaram uma taxa significativamente menor de efeitos colaterais, que podem ser comuns para os antidepressívos tricíciclos como a amitriptilina (geralmente, pacientes relatam ganho de peso, boca seca, e constipação intestinal).

Outras condições estudadas, porém em estudos não controlados, que obtiveram resultados eficazes e que merecem estudos mais profundos incluem enurese noturna, distrofia simpático reflexa, prurido urêmico, neurodermatites, zumbidos, e enjôos pelo movimento.

Referências bibliográficas
Zhang R, Lao L, Ren K, Berman BM. Mechanisms of acupuncture–electroacupuncture on persistent pain. Anesthesiology: The Journal of the American Society of Anesthesiologists.

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