A incontinência urinária na população de gestantes brasileiras é algo que chega a ser superior a 25%, podendo ser um caso mais comum nos dois últimos trimestres gestacionais e mais prevalente quando associado ao número de partos.
A incontinência urinária (IU) é a perda de urina que não pôde ser controlada, ou seja, involuntária.
Essa perda ocorre por conta da necessidade de urinar urgentemente (IU de urgência), devido a esforços como espirro, tosse, riso, fazer força, entre outros como (IU de estresse), ou por ambos os motivos (IU Mista).
Mas também, pode se apresentar como o “xixi na cama”, o gotejamento pós-micção ou mesmo a perda de urina contínua.
Em certos casos o aparecimento da incontinência durante a gestação também tem sido associado ao desenvolvimento da síndrome da bexiga hiperativa, que é caraterizada pela vontade repetida e urgente de ir ao banheiro, sem diagnóstico de infecção urinária ou outra doença.
A Grávida Naturalmente vai Mais vezes ao Banheiro, Certo?
Correto! O sistema urinário sofre adaptações progressivas durante a gestação: aumento do tamanho e volume dos rins, aumento na taxa de filtração renal com maior produção de urina, dilatação dos canais urinários, e dilatação da própria pelve.
O aumento da frequência urinária, então, é natural da gestação e, portanto, a mulher vai necessitar ir mais vezes ao banheiro.
Porém, deve haver atenção caso essa necessidade se apresente mesmo com ingestão de pequenas quantidades de líquido, ou em caso de perda de urina com a bexiga em situação confortável.
Razões Fisiológicas que Favorecem a Incontinência Urinária Durante a Gestação
Devido a necessidade de readaptação do corpo à nova distribuição da massa corpórea, à mudança no centro de equilíbrio do corpo, à alteração sobre o sistema de força musculo-tendínea, e à nova dinâmica das articulações (que se tornam mais frouxas), a pelve feminina é praticamente “reformada”.
Essa “reforma” ocorre especialmente devido a ação hormonal: a relaxina, associada à progesterona diminuem a resistência da musculatura do assoalho pélvico e promovem relaxamento da musculatura que se encontra na parede dos órgãos (musculatura lisa, de ação involuntária).
Enquanto isso, o útero segue crescendo, abrigando placenta, líquido amniótico e feto. E todo esse “volume extra” comprime a bexiga para frente e para cima, além de alterar a angulação da uretra em relação à bexiga (ângulo uretrovesical).
Todo esse processo de relaxamento para abrigar o feto confortavelmente, unido às alterações no sistema urinário, compressão mecânica da bexiga e mudança no ângulo uretrovesical (que fica mais verticalizado) favorecem a perda involuntária de urina e também as infecções urinárias.
Essa situação abre porta para infecções e pode, inclusive, prejudicar a saúde do bebê.
E Se apresento Sintomas de Incontinência Urinária, o que Posso Fazer?
Caso comece a apresentar algum desses sintomas, o recomendado é que procure um urologista ou converse com o médico que a acompanha no pré-natal.
Possivelmente, eles a encaminharão para um fisioterapeuta pélvico, uroginecológico ou especializado em saúde da mulher.
A Fisioterapia é, atualmente, o tratamento padrão-ouro para as incontinências urinárias devido sua eficácia, baixo risco e baixo custo, além de ser especialmente interessante para as gestantes por tratar-se de uma opção conservadora e não-medicamentosa.
Existe uma grande variedade de métodos de avaliação e tratamento da IU pela Fisioterapia e todas elas precisam estar vinculadas a uma visão global da paciente visando incluir aspectos peculiares do indivíduo como: fatores relativos ao aparecimento da incontinência, tipo de incontinência, histórico familiar, hábitos de vida, doenças anteriores, histórico de gestações e partos anteriores, características da gestação atual, exame físico básico, e, claro, o exame físico da musculatura pélvica.
O exame fisioterapêutico da musculatura pélvica é um pouco diferente do exame ginecológico, sendo voltado para avaliação da função muscular do períneo.
Este exame envolve a inspeção da região perineal e da genitália externa, avaliação de sensibilidade e reflexo, teste de esforço (para avaliar se há perda de urina ou alguma distopia), verificação da coordenação (capacidade de contrair e relaxar a musculatura sem utilizar-se de movimentos acessórios) e avaliação por toque digital (para averiguar função e força musculares).
Observando ainda que o último item citado, avaliação por toque, não será realizado em gestantes que apresentem gestação de risco ou contraindicação para atividade sexual.
A partir daí, será traçado o protocolo de atendimento específico para tratar a incontinência, que poderá envolver desde o acompanhamento comportamental, a técnicas manuais, cinesioterapia e terapias por biofeedback (é uma modalidade de treinamento que utiliza sinais visuais da contração feita pela musculatura através da leitura da pressão exercida ou da atividade elétrica muscular, sem emitir nenhum estímulo).
São essas as particularidades da atenção especializada que farão diferença na escolha e no sucesso da conduta terapêutica.
Dentro do recurso da Cinesioterapia Perineal ou Cinesioterapia Pélvica, que significa ao pé da letra “terapia pelo movimento” é que tem sido estudada a participação e benefícios do método Pilates para acompanhamento da IU.
A Cinesioterapia é o tratamento básico para prevenir e reabilitar as disfunções dos músculos do assoalho pélvico e consiste na movimentação perineal com percepção consciente da contração e do relaxamento muscular, o que pode ser extremamente simples para algumas mulheres e um verdadeiro desafio para outras, podendo ocorrer inclusive, movimentação paradoxal (força em expulsão, ao invés de força em contração).
Pilates no Acompanhamento da Incontinência Urinária
Na prática do Pilates, somos conduzidos a aprender a controlar, conscientemente, os movimentos, utilizando-os com equilíbrio, precisão e fluidez, e, requerendo para isso, a respiração correta e a utilização dos músculos estabilizadores do tronco (power house, core ou centro de força), entre os quais, está a musculatura do assoalho pélvico.
Neste conceito, as bases da cinesioterapia pélvica são perfeitamente aplicáveis, desde que a musculatura já esteja apta a realizar esta contração de forma correta e eficaz.
Agora pensemos que ao exigir de um músculo a realização de um determinado movimento, demandamos dele: propriocepção, saída do estado de repouso, ajuste do tônus muscular (tensão em repouso), força, coordenação e flexibilidade.
Assim, toda vez que realizamos uma sequência de exercícios no Pilates, e ativamos corretamente o power house, também pedimos que os músculos do assoalho pélvico trabalhem dessa forma.
Estudos que avaliaram a efetividade do Método Pilates no treino da musculatura de assoalho pélvico encontraram melhores resultados sobre de força e endurance muscular, bem como incremento sobre a capacidade de repetição de contração, nos treinos onde o método Pilates era inserido concomitantemente ao treino convencional, e também apontaram como a associação do método Pilates ao treino convencional pode promover maior aderência ao tratamento.
Os resultados também apontaram melhor domínio sobre a movimentação da musculatura pélvica, o que e facilita o controle sobre o esfíncter urinário (estrutura que permite conter a urina quando precisamos), além de melhorar a sustentação dos órgãos pélvicos.
Nessas pesquisas, também ficou clara a importância da evocação constante dessa musculatura por parte do terapeuta/instrutor, reforçando a necessidade de um treino acompanhado e também é interessante saber que o método também tem sido avaliado como estratégia para prevenção das disfunções de assoalho pélvico e não somente como um aliado para o tratamento.
Entretanto, é importante ressaltar que nos protocolos adotados em estudos dessa natureza, as avaliações e testes realizados ocorrem conforme o habitual nas consultas de Fisioterapia Pélvica, o que salienta a importância da atenção especializada para averiguar o sucesso da terapia.
Ponderando, não há estudos que contraindiquem o método para a população gestante ou incontinente, mas fica claro que não é possível utilizar o método como terapia substitutiva à terapia convencional.
Conclusão
A incontinência urinária é um problema que pode instalar-se na vida de muitas gestantes podendo trazer alguns desconfortos e até complicações caso não seja tratada de forma eficaz.
O Pilates por sua vez, é um Método que pode auxiliar para esse tratamento garantindo uma melhora da saúde dessa gestante e seu bebê.
O importante para a gestante que pratica ou quer praticar o Pilates é inteirar-se sobre o método e buscar atendimento especializado em caso de apresentar alguma alteração sobre o funcionamento perineal.
Envolver-se ainda mais com sua saúde é trabalhar numa gestação tranquila, sem arriscar a própria saúde ou do seu bebê.
Fonte: Revista Pilates
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