quinta-feira, 5 de abril de 2018

Discopatia Degenerativa


DISCOPATIA DEGENERATIVA
  
A discopatia degenerativa é um termo que tem sido usado com muita frequência nos laudos dos exames complementares. Entender como o disco se desgasta nos ajudará no tratamento e no comportamento dos pacientes. Neste capítulo, fazemos um breve resumo de como essa lesão se instala e, para isso, mostraremos as estruturas que compõem a degeneração.

São três estruturas que determinam o processo de degeneração:





1 – O núcleo pulposo é a parte central do disco e é composto de cartilagem que contém uma alta concentração de proteoglicanos. Essa proteína tem a capacidade de reter a água e, consequentemente, hidratar o núcleo pulposo, mantendo, assim, o centro do disco esponjoso e flexível. Dessa forma, nossos discos são capazes de absorver choques, traumas rotacionais e auxiliar os movimentos das vértebras.

2 – O anel fibroso retém o núcleo pulposo. Ele é formado por um traçado de fibras entre as suas próprias paredes que permite a movimentação da coluna para frente e para trás. Esse anel é composto por duas partes: uma interna, próxima ao núcleo, e outra externa, mais densa e espessa. A perda da integridade dessa parede leva à saída do líquido gelatinoso para o meio externo. Quando isso acontece, chamamos de hérnia de disco.




3 – A terceira estrutura é composta pela parte inferior e superior do corpo vertebral, chamada de placa terminal. Ela é composta de uma cartilagem muito semelhante às das nossas articulações, chamada de cartilagem hialina. O núcleo gelatinoso é contido pelo anel fibroso e a placa terminal da vértebra superior e da vértebra inferior. As duas placas terminais são importantes para manter a hidratação do disco, pois, por meio delas, ocorre o processo de difusão, suprindo, dessa forma, a falta de vascularização existente nos discos intervertebrais.


O que causa a discopatia degenerativa?

Não existe um consenso sobre a causa da degeneração discal. Olhando de maneira simplista, percebemos logo que são vários os motivos, principalmente entendendo o que explicamos anteriormente sobre a anatomia do disco e placa terminal. Alguns fatores são determinantes para a degeneração: a idade, as cargas compressivas, forças vibratórias, as posturas erradas, principalmente daqueles que mantêm o tronco à frente da linha de gravidade.coluna através dos anos

Alguns estudos científicos de grande relevância têm mostrado que a influência genética é determinante nas discopatias degenerativas. Efeitos nutricionais são também de grande relevância, pois o disco é o maior tecido avascular do nosso corpo. Na vida adulta, ele passa a ser nutrido por difusão, como abordamos anteriormente. Existem evidências científicas de que o fumo e a obesidade sejam causas dessas lesões e das dores nas costas.



As consequências da discopatia são a diminuição da altura do disco, a diminuição de sua elasticidade e a incapacidade de absorção de impacto. Essas características aumentam as chances de rachaduras nas paredes do anel fibroso, permitindo, assim, a saída do núcleo pulposo para o meio externo (hérnia de disco). É muito comum que, nesses casos, haja instabilidade no segmento afetado. Dessa forma, os músculos externos passam a trabalhar involuntariamente no sentido de tentar estabilizar a coluna. Esses músculos, em geral, não têm muita resistência. Com isso, eles se fadigam e provocam dores nas costas.



Conforme citamos anteriormente, o envelhecimento contribui significativamente para a degeneração dos discos intervertebrais. Os profissionais de saúde devem encarar com mais simplicidade esse processo de desgaste. Ou seja, o envelhecimento, o desgaste das vértebras e a desidratação dos discos são fatores que ocorrerão em todos nós. Com o aparecimento da ressonância nuclear magnética, o diagnóstico das discopatias ficou mais fácil e cômodo para os profissionais de saúde. Mas isso não significa que toda imagem com características de desgaste vertebral ou toda dor na coluna vertebral sejam motivos de pânico ou condutas radicais.



Muitos pacientes sofrem de dores nas costas, independente das lesões degenerativas. As dores podem ser causadas por outros motivos, e não por causa das imagens apresentadas, assim como muitas pessoas têm, durante toda a vida, grandes lesões degenerativas e nunca se queixaram de dor. Cabe aos médicos e aos fisioterapeutas terem mais cautela nas explicações dadas aos pacientes e familiares, como também nas condutas ministradas aos pacientes, principalmente quando for indicar cirurgias. Sabemos que menos de 5% dos pacientes portadores de lesões degenerativas necessitam de cirurgia. Minha orientação para os meus pacientes é de que eles estejam sempre acompanhados por um verdadeiro especialista em coluna vertebral.

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